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domingo, 12 de julho de 2015

A Importância das Nascentes da Bacia Hidrográfica da Represa Billings (SP).


     O Manancial da represa Billings, Zona Sul de São Paulo, SP, possui muitas nascentes ao longo de sua bacia, que alimentam os cursos d’água que desembocam na represa. Esse serviço ambiental é chamando de recarga hídrica e, no caso do Manancial da represa Billings, as nascentes são importantes produtores de água potável, pelo menos até o presente. 

O volume de água produzido por uma nascente varia de acordo com diversos elementos, como o nível de preservação da área ao redor. O volume médio de água produzido por uma nascente da área conservada do Manancial da Represa Billings é de 10 litros por segundo. Já as nascentes da área de ocupação humana esparsa e densa produzem 20 vezes menos, 0,5 litro por segundo em cada uma delas.
Essa enorme diferença mostra a importância vital da floresta na produção de água. Considerando agora que nas áreas conservadas existem 2.290 nascentes, e que nas áreas de ocupação humana esparsa temos 515 nascentes e nas de ocupação humana densa 591, conforme mostra a Figura 01, ao longo de todo um ano, essas áreas produzem o equivalente a 722 milhões m³ de água na área conservada; 84 milhões m³, na de ocupação humana esparsa e 109.962.878 m³, na de ocupação humana densa.
Trata-se de um grande volume de água. Se pensarmos em piscinas olímpicas que armazenam 2.500 m3 de água, temos que as áreas conservadas produzem 288.869 piscinas olímpicas cheias de água a cada ano, as de ocupação humana esparsa, 33.781 piscinas, e as de ocupação humana densa, 43.985 piscinas. Portanto, as nascentes produzem mais água nas áreas preservadas, que mantém sua cobertura florestal, representadas pelos pontos verdes na Figura 01.
Figura 1: Nascentes da Bacia Hidrográfica da Represa Billings. O circulo verde representa a área do Parque dos Búfalos. Fonte: Matarazzo-Neuberger, 2010. 

O governo do Estado de São Paulo, na Lei estadual nº 12.183 de 2005 que estabelece a cobrança pelo uso da água e em seus regulamentos, estipulou que o custo de cada m³ de água captada é de aproximadamente R$ 0,017. Multiplicando-se este valor pela quantidade de água produzida, teríamos que a cada ano as nascentes das áreas conservadas geram um valor de R$ 12.349.182,00; as das áreas de ocupação humana esparsa R$ 1.444.153,00 e, as de ocupação densa, R$ 1.880,365,00.
 A água que é produzida nas áreas conservadas têm uma qualidade muito superior à água produzida nas demais áreas. O custo para tratar 1 litro desta água é 16 vezes menor que o custo para tratar o mesmo litro produzido em uma área de ocupação humana densa e 3 vezes menor que em uma área de ocupação esparsa. Numa situação hipotética, para tornar toda a água produzida pela bacia potável, o custo total de tratamento por ano seria de aproximadamente 24 milhões de reais, com 15 milhões dedicados a tratar somente a água proveniente das áreas de ocupação humana densa. Ou seja, é um maior custo, mas para uma quantidade de água menor.
Nessa perspectiva, investir para conservar as áreas da bacia com ocupação humana esparsa e mesmo densa é um investimento viável porque ajuda a produzir mais água com menor custo de tratamento. Essa visão derruba a noção de que fazer um investimento em conservação da natureza não gera benefícios econômicos e mostra o prejuízo causado a toda a sociedade pela degradação das áreas de uma bacia hidrográfica.
Segundo a PROAM, a diminuição da produção natural (desmatamento – desertização) é um dos 12 elementos que fazem com que o Manancial da Represa Billings se encontre na categoria de vulnerabilidade alta. A perda crescente na produção natural de água dos ecossistemas, decorrente do desmatamento, do uso irregular e predatório do solo, e do aterramento de nascentes e áreas de drenagem são diagnosticados em todas as áreas dos mananciais metropolitanos.
A cidade está continuamente se expandindo e aterrando os mananciais. A perda de produtividade hídrica natural da Billings, que em 1930 contava com aproximadamente 25m³ por segundo em média anual, é hoje de 12,5m³/segundo. Com o aquecimento global e a alteração da pluviometria para precipitações mais intensas seguidas de veranicos ocorrerá fragilização de recarga nos aquíferos, impedindo que, na época da estiagem, os reservatórios mantenham produção firme, como vem ocorrendo com a principal represa da Manancial da Cantareira.
Figura 2: Localização das nascentes do Parque dos Búfalos. Sem escala. Fonte: Caracterização Hidroambiental do Parque dos Búfalos - ROCHA, 2015



Bibliografia Utilizada 

ROCHA, B. R. A. Caracterização Hidroambiental do Parque dos Búfalos. Jul. 2015.

FOLHA DE S. PAULO. Área do Parque dos Búfalos vive impasse entre moradia e preservação. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2015/03/1601495-area-do-parque-dos-bufalos-vive-impasse-entre-moradia-e-preservacao.shtml>. Acessado em: 16 mar. 2015

INSTITUTO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL – PROAM. As crises de água e energia: a escassez e a Política Nacional de Recursos Hídricos. Campanha Billings, Eu te quero Viva!. São Paulo, SP, 2015. Disponível em: <http://www.defensoria.sp.gov.br/dpesp/repositorio/20/PP%20MPF%2025022015.pdf>. Acessado em: 03 abr. 2015.

Matarazzo-Neuberger, W. M. Serviços ambientais prestados pelas florestas da Bacia da Represa Billings / Erika Longone, Meire Cristina A. de Castro Pauleto, Vicente Manzione Filho ; organização de Waverli Maia Matarazzo Neuberger. São Bernardo do Campo : Ed. do Autor, 2010. 16 p. Disponível em: <http://portal.metodista.br/fontedemudancas/aulas/cartilha-servicos-ambientais-prestados-pela-floresta-da-bacia-da-represa-billings >. Acessado em: 03 abr. 2015.

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